Confusão no Iraque por possíveis fraudes em eleições legislativas

AFP/Arquivos / AHMAD AL-RUBAYEIraquiano segura imagem do clérigo Moqtada Sadr e uma bandeira do Iraque, em Bagdá, em 14 de maio de 2018

Quase três semanas depois das eleições legislativas, a confusão reina no Iraque, onde, apesar das acusações de fraude eleitoral cada vez mais numerosas, as negociações para formar um novo governo já estão em curso.

Várias personalidades da política iraquiana, vítimas das listas independentes e antissistema, reclamam uma recontagem dos votos e algumas, inclusive, uma anulação da votação.

As autoridades aceitaram reexaminar os resultados, mas ainda não tomaram nenhuma medida concreta.

De acordo com especialistas, as acusações de fraude obedecem mais a uma última tentativa dos políticos frustrados por sua expulsão do poder do que a um potencial terremoto político em um país decidido a virar a página após três anos de luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Em 12 de maio, para surpresa geral, a lista do clérigo xiita Moqtada Sadr, aliado com os comunistas, venceu os ex-combatentes contra o EI, próximos ao Irã xiita.

“Não é possível anular esses resultados, iria supor uma crise e até confrontos armados”, diz à AFP o cientista político Essam al-Fili.

As forças xiitas “não estão dispostas a abandonar o que conseguiram” enquanto estiverem em uma posição de força nas negociações do governo, que começaram um dia após a votação, acrescenta.

Com o avanço eleitoral dos novos atores, muitas personalidades quase inabaláveis desde a queda da ditadura de Saddam Hussein há 15 anos, perderam seu assento.

São eles – com o presidente do Parlamento, Salim al-Jabouri, no comando – os que hoje apontam a controvérsia eleitoral.

– ‘12.000 votos’ –

Esses políticos, que têm até quinta-feira para formalizar as reclamações, conseguiram votar na segunda-feira no Parlamento a anulação dos resultados do voto de expatriados e deslocados.

AFP/Arquivos / Haidar HAMDANIO presidente do Parlamento iraquiano, Salim al-Joubouri, em entrevista coletiva em Najaf, em 6 de maio de 2017

Também votaram por uma recontagem manual de 10% das urnas que, se diferir em mais de 25% dos resultados anunciados pela comissão eleitoral, dará lugar a uma recontagem manual de 11 milhões de cédulas.

Não vinculante, esta votação deveria ser simbólica.

Diante das acusações de fraude, os serviços de Inteligência asseguraram que testaram as máquinas de voto eletrônico e conseguiram mudar os resultados, parecendo acreditar nas chances de fraude.

O governo ordenou retomar a análise dos resultados, enquanto a mídia e as redes sociais não param de desmentir as acusações, que concernem principalmente às zonas eleitorais no exterior, parte minoritária dos eleitores.

O polêmico deputado em fim de mandato, Mechaan al-Joubouri, derrotado, assegurou ter visto em Damasco “o responsável da comissão eleitoral de Síria e Jordânia vender a um dirigente político 12.000 votos de expatriados iraquianos na Síria e 4.000 votos em outro país”.

Joubouri também denunciou fraudes em Amã, onde vive sua família e onde assegura ter feito uma intensa campanha para, finalmente, não conseguir mais do que 19 votos.

“Tenho a impressão de que há um claro complô contra mim”, declarou, afirmando que as máquinas de voto só lhe creditaram 5.000 dos 24.000 votos que assegura que pode comprovar que recebeu.

SOJA E MINISTÉRIO DA JUSTIÇA SEM CONSENSO

O Sindicato dos Oficiais de Justiça de Angola(SOJA) e o Ministério da Justiça reuniram-se ontem para negociar a greve que teve iniciada Segunda-feira, que, porém, não produziu consenso, pelo que a paralisação prossegue.

Fonte: O País

A confirmação de que a greve no sector da Justiça prosseguirá até Sexta-feira próxima, por não ter havido um consenso entre as partes, foi feita por Francisco Senga, secretário administrativo do SOJA. O encontro com a entidade patronal terminou às 12 horas e sem qualquer solução. À mesa ainda foram colocadas questões relacionadas com o acréscimo, feito à última da hora, de reivindicações que não constavam no Caderno inicialmente apresentado pelo SOJA, este que voltou a frisar que não é verdade que tenham procedido desta maneira.

O ministério refere que o SOJA está a ignorar todo o esforço desenvolvido pelo Executivo, pelo Conselho Consultivo e pela Comissão de Negociação daquele departamento ministerial. O sindicalista lamentou a forma como o ministério agiu, com a publicação de um comunicado que refere estar repleto de inverdades. O comunicado em questão alega que as negociações já estão 80% efectivadas, um facto que o SOJA desmente. “O ministério alega que há pontos novos, o que também não é verdade, pois a questão da reposição dos 20% da produção arrecadada nos serviços não é nova. Neste ponto fomos flexíveis, porque o ministério diz que não tem havido uma melhor gestão deste valor e que, para isso, dá-se 200 mil para fundo de maneio, valor que achamos pouco, pelo que propusemos que fossem 500 mil”, declarou.

O SOJA foi informado pelo ministério que há um memorando assinado pelos ministros das Finanças e da Justiça, que resolve o problema das promoções e transições. Sobre este documento, Francisco Senga frisou que o ministério conhece apenas o conteúdo de tal memorando, pois o SOJA não teve contacto com o seu duplicado. Segundo o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, o SOJA reivindicou a inclusão, à última da hora, no actual Caderno Reivindicativo, das deliberações tomadas pela sua Assembleia Geral Ordinária ocorrida a 9 de Dezembro de 2017, cujo conteúdo visava apresentar uma adenda a um outro acordo, celebrado entre as partes em 14 de Novembro de 2014.

Durante as negociações, esclarece, o SOJA procurou introduzir emendas e exigiu que a promoção dos oficiais de justiça fosse além dos 2.786, um prazo de até Setembro de 2018 para concluir tal processo, e que todos os restantes oficiais de justiça fossem integrados no processo de progressão (incluindo os 5.086 pendentes), até Janeiro de 2019. Reivindicou ainda a retenção por cada serviço de 20 por cento das receitas arrecadadas com as taxas pagas pelo público para os diferentes actos praticados pelos serviços do ministério, que considera ilegal, à luz do princípio da unidade de tesouraria orçamental da Lei Quadro do OGE e do Decreto Presidencial número 111/18, de 27 de Abril.

Enquanto isso, os utentes destes serviços sofrem

A greve está a provocar vários embaraços na vida dos cidadãos, porquanto não se procede a julgamentos, a casamentos, aos registo civil e criminal, ao registos automóvel, predial e comercial, bem como actos de soltura, porque os funcionários reivindicam por melhores condições salariais e de trabalho. Todas as conservatórias, tribunais e repartições de identificação estão encerradas, abrindo apenas uma excepção para pedidos de certidão de óbito.

José Eduardo dos Santos tem duas patentes de general, aponta a filha Tchizé

Foto: DR

Tchizé dos Santos, deputada e filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recuou ao tempo das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) para puxar pelos galões do pai, que, diz, recebeu do seu sucessor, João Lourenço, uma patente que já possuía: a de general do Exército.

Fonte: NJ
Ao que parece, o Eng. José Eduardo dos Santos, foi promovido duas vezes a General do Exército…”, introduz a parlamentar, numa mensagem partilhada no Facebook.

Sem nunca mencionar o nome de João Lourenço, Tchizé recorda que, este ano, o ex-Presidente da República foi promovido a general pelo actual Comandante em Chefe, quando “ainda no tempo das FAPLA”, já assinava documentos nessa qualidade.

A deputada junta à declaração documentos não datados, mas identificados como pertencendo às FAPLA – ou seja, obrigatoriamente anteriores a 1992-, um dos quais contendo a assinatura de José Eduardo dos Santos como Comandante em Chefe e General de Exército.

Mais do que expor o que diz ser uma duplicação de patente, a filha do ainda líder do MPLA chama a atenção para o nome de um dos destinatários de uma correspondência enviada pelo seu pai enquanto Comandante em Chefe das FAPLA e General de Exército: nada mais, nada menos do que João Lourenço, à epoca chefe da direcção política nacional das FAPLA.

UNITA: "Governadores provinciais demonstraram práticas democráticas e de reconciliação nacional"

Foto: Quintiliano dos Santos/Arquivo

O presidente da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, enalteceu hoje, em Luanda, a “forma exemplar” como foram recebidos pelos governadores provinciais, administradores municipais e comunais, durante os 30 dias em que percorreram o País, no âmbito de controlo e fiscalização dos actos do Executivo.

Fonte: NJ

Foi uma nota positiva das autoridades locais”, destacou Adalberto da Costa Júnior, destacando apenas haver falhas nos municípios do Bocoio, na província de Benguela, e Gulungo Alto, na província do Kuanza Norte, onde os comandantes da polícia não aceitaram receber deputados.

De acordo com o deputado, “foi notável, da parte dos governantes provinciais, o esforço da prática democrática e de reconciliação nacional para com todos os actores políticos”.

O líder da bancada parlamentar da UNITA, traçou, no entanto, um quadro negro sobre os 130 municípios em 18 províncias visitadas.

Segundo o deputado, a maior parte das unidades económicas visitadas revelaram ter grandes atrasos na implementação orçamental e nos pagamentos das ordens mensais de saque.

“Como consequência, enormes constrangimentos foram constatados, com a total falta de liquidez, atraso nos programas de investimentos públicos, e o entupimento dos circuitos de atendimento, com especial gravidade nas unidades hospitalares”, enumerou.

Os 51 deputados da UNITA constataram ainda a falta de água potável, em inúmeros hospitais e escolas, falta de energia elétrica, fraco poder de compra de produtos básicos nos mercados por parte da população, face ao atraso dos salários e aos elevadíssimos preços dos mesmos.

“A maioria das estradas das sedes provinciais para o interior encontram-se em estado de completa degradação, para além de localidades cujos acessos nunca merecem a atenção de quem governa”, frisou.

Adalberto da Costa Júnior elogiou os deputados do MPLA por estarem a fazer o mesmo procedimento, (visitando províncias e municípios à semelhança da UNITA”.

“O MPLA começou a seguir os nossos passos e isso é bom para, em comum, identificarmos os problemas que afectam a nossa sociedade”, notou.

Segundo o responsável da UNITA, os dados colhidos no terreno serão encaminhados aos respectivos Ministérios e às Comissões de Especialidade da Assembleia Nacional, para servirem de base à preparação do debate para o Orçamento Geral do Estado (OGE) do próximo ano.

“A UNITA está acompanhar os argumentos do Executivo que a coberto de leis institucionais, pretende excluir a maioria dos municípios, adiando o desenvolvimento destes, mesmo perante o clamor da sociedade”, disse a propósito da proposta do MPLA que impõe o gradualismo geográfico das autarquias.

“A UNITA remeteu à Assembleia Nacional, na primeira semana de Maio, iniciativas de projectos de Lei sobre autarquias, mormente as Leis da Tutela Administrativa das Autarquias e a Lei das Finanças Locais”, informou.

Moçambique: Grupo armado mata e decapita dez pessoas em zona rural

O ataque de um grupo armado provocou vários mortos no norte de Moçambique, na povoação rural de Olumbi, na província de Cabo Delgado.

Fonte: NJ

O caso aconteceu no fim-de-semana, e, segundo a Televisão Pública de Moçambique, dez pessoas, entre as quais duas crianças, terão sido sequestradas e decapitadas, na povoação rural, no meio do mato.

Entretanto, a Polícia de Moçambique já confirmou o ataque e garantiu estar no encalço dos suspeitos que, alegadamente, pertencem a um grupo com ligações ao radicalismo islâmico que tem destabilizado a região.

“Foram 10 concidadãos que perderam a vida, depois de terem sido atacados com catanas, perto da localidade de Olumbi, a 45 quilómetros da sede do distrito de Palma”, explicou Inácio Dina, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa, em Maputo.

Tudo aponta, segundo o porta-voz, que “os agressores serão do mesmo grupo que matou agentes da polícia com metralhadoras e sitiou a vila de Mocímboa da Praia, durante dois dias, em Outubro de 2017. E que, desde então, tem feito ataques esporádicos em aldeias do meio rural da região”. Um grupo que, diz “foi amplamente fragilizado”.

Segundo escreve a Lusa, uma investigação baseada em 125 entrevistas em Cabo Delgado, divulgada na última semana, concluiu que a destabilização é feita por células dispersas que usam o radicalismo islâmico para atrair seguidores, aos quais pagam rendimentos acima da média, financiados por rotas de comércio ilegal de madeira, rubis, carvão e marfim, daquela região para o estrangeiro.

Estes grupos continua a Lusa, incluem membros de movimentos radicais que têm sido perseguidos a norte pelas autoridades do Quénia e Tanzânia, e alguns elementos terão sido treinados por milícias da região dos Grandes Lagos que por sua vez também têm ligações ao grupo terrorista al-Shabaab, na Somália.

Os ataques surgiram numa altura em que estão a avançar os investimentos no terreno para exploração de gás natural em Cabo Delgado, prevendo-se que a produção arranque dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.

A zona costeira de Cabo Delgado tem sido alvo de grupos armados desde outubro de 2017, altura em que postos de polícia foram atacados no distrito de Mocímboa da Praia, vila que ficou sitiada durante dois dias.

Ataque contra o ministério do Interior afegão em pleno Ramadã

AFP / WAKIL KOHSARPolicial afegão ferido em ataque

Um comando armado de sete a dez homens atacou nesta quarta-feira o complexo do ministério do Interior afegão em Cabul, provocando explosões e tiroteios por cerca de 90 minutos antes de ser aniquilado.

O porta-voz do ministério do Interior, Najib Daish, afirmou que “dez agressores participaram na operação e todos foram mortos” no confronto com as forças de segurança, sem conseguir entrar nos edifícios.

“Um policial foi morto e cinco ficaram feridos” durante o ataque, que não ainda tinha sido reivindicado, mais de duas horas após o início do ataque, acrescentou.

Após o ataque, as operações continuavam. “Trata-se agora de ativar os coletes suicidas encontrados nos corpos de atacantes”, disse Danish, alertando que novas explosões deverão ser ouvidas.

Uma fonte das forças de segurança afirmou à AFP que “sete terroristas foram mortos e as operações de limpeza continuam para garantir que não haja mais nenhuma ameaça” no complexo do ministério, localizado a caminho do aeroporto de Cabul.

A primeira explosão foi ouvida ao meio-dia no primeiro posto de controle logo na entrada do ministério, seguido por muitos outros e por tiroteios.

As forças especiais foram imediatamente enviadas para o local e todas as estradas bloqueadas para o ministério.

Há 10 dias, o Talibã pediu que os moradores de Cabul se mantivessem distantes dos “locais militares” para “evitar baixas civis”.

Segundo a missão da ONU no Afeganistão (Manua), a capital tornou-se, desde 2017, o lugar mais perigoso do país para os civis, pela multiplicação de ataques reivindicados pelo Talibã ou pelo grupo Estado Islâmico.

Jornalista mexicano morre espancado na fronteira com EUA

Um jornalista mexicano morreu espancado no estado de Tamaulipas, na fronteira com os Estados Unidos, elevando a ao menos cinco o número de comunicadores assassinados no México este ano, informou a Procuradoria estadual depois de encontrar o corpo, nesta terça-feira (29).

Héctor González Antonio, “que colaborava como correspondente do jornal nacional Excélsior e meios de comunicação locais, morreu espancado”, reportou a instituição. Um colaborador da AFP e amigo do jornalista morto disse que ele havia desaparecido há dois dias.

O corpo do jornalista foi encontrado “esta manhã em uma rua da colônia Estrella” de Ciudad Victoria, capital de Tamaulipas, uma das regiões mais violentas do país pelo confronto entre traficantes de drogas, informou a Procuradoria.

“Ele estava desaparecido desde ontem com tudo e seu veículo, que não sabemos se foi localizado”, disse à AFP Balbina Flores, representante de Repórteres sem Fronteira, que pediu às autoridades mexicanas uma investigação de fundo e proteção para a família de González Antonio.

Tamaulipas é “um dos buracos negros da liberdade de imprensa, razão pela qual há alta probabilidade de que (o crime) tenha a ver com seu trabalho jornalístico”, acrescentou.

González Antonio, que também era colaborador das emissoras de rádio e da Televisa Monterrey, o escritório local da maior estação de televisão do México, era casado e tinha dois filhos.

Uma das últimas notícias reportadas pelo jornalista, de 42 anos, para o jornal Excélsior foi o assassinato de seu colega Carlos Domínguez, executado no município de Nuevo Laredo em janeiro passado. Também cobriu uma marcha de mães e familiares de desaparecidos ocorrida em 10 de maio, e outras informações de interesse humano.

O corpo foi encontrado em uma estrada de terra, e aparentemente foi arrastado, com camisa de mangas curtas em frangalhos, manchas de sangue e sem um sapato, segundo imagens distribuídas pela Promotoria regional.

“Ainda não sabemos quem matou Héctor González Antonio, nem porque”, mas é “simplesmente inaceitável”, disse à AFP Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informação da ONU para o México.

O México, prosseguiu Summa, “é o país mais perigoso do mundo para os jornalistas, depois do Afeganistão (…). Exigimos que as autoridades esclareçam o mais rapidamente possível o que aconteceu e que prendam os responsáveis. A impunidade deve acabar”.

– “É perigoso publicar” –

Um amigo e colega de Héctor González, que desconhece as possíveis causas do homicídio, disse que era um jornalista “muito cuidadoso com o que publicava e dizia”.

Tamaulipas, reduto do cartel de Los Zetas, é um local onde “é perigoso publicar ou dizer coisas” sobre a violência que castiga quase diariamente seus moradores, prosseguiu o jornalista, sob a condição de ter sua identidade preservada.
Mexico’s Public Prosecutor’s Office/AFP / HOO corpo do jornalista mexicano Héctor González Antonio, encontrado em 29 de maio de 2018, em imagem difundoda pelo escritório da Procuradoria regional do estado de Tamaulipas

Em 24 de maio, a jornalista Alicia Díaz González foi assassinada dentro de sua casa com uma arma branca. A ONU exigiu que não se descarte nenhuma linha de investigação, incluindo o feminicídio.

Mais de 100 comunicadores foram assassinados no México desde 2000. A maior parte dos crimes permanece impune.

Sem contar o homicídio de Díaz, este ano já foram assassinados quatro jornalistas, segundo as organizações Repórteres sem Fronteiras e Artigo 19.

Em 2017 foram mortos ao menos 11 jornalistas, em meio a uma onda de violência vinculada com o narcotráfico que deixou um número recorde de homicídios a nível nacional: 25.339.

Sem contar com o assassinato de Héctor González, 14 jornalistas foram assassinados em Tamaulipas, e 27 no estado vizinho de Veracruz, o mais letal do país para os comunicadores, segundo cifras da Artículo 19.

A inspiradora história da garota afegã que se passou por homem para conseguir estudar

No período em que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, a menina afegã Zahra Joy ainda era criança. Naquela época, ainda que as mulheres seguissem rigorosamente as leis impostas, elas continuavam sendo um dos maiores alvos do extremismo. Com o regime imposto pelo Talibã, veio a proibição de que elas pudessem frequentar ambientes escolares.

Mesmo com a proibição, Zahra decidiu que não iria parar de estudar. Seu tio então teve uma ideia, Zahra deveria se vestir como um menino para conseguir frequentar a escola livremente. Inicialmente a ideia não foi aceita pela família, porém, com o passar do tempo, os familiares a apoiaram.

Numa entrevista, Zahra relatou: “Mudei minhas roupas e tive de aprender a ser menino. Meu tio me ensinou a jogar futebol, a ir para as montanhas, a fazer coisas que os garotos faziam. E passei a me chamar Mohammed.” A partir desse momento ela cortou os cabelos, passou a usar outro estilo de roupa e começou a agir como um menino. Não mais existia Zahra, mas sim, Mohammed.

Ao chegar no colégio para dar início às aulas, o diretor do colégio ordenou que todos os garotos que tivessem cabelo longo deveriam cortá-los imediatamente. Naquele período, poucos meninos utilizavam esse tipo de cabelo. Por sorte, o colégio que Zahra escolheu frequentar ficava a cerca de 1h30 de sua residência, o que dificultou seu reconhecimento. O maior medo da família é que ela fosse descoberta e por esse motivo a família começasse a sofrer ameaças, e que a menina fosse obrigada a se casar contra a vontade.

Apesar do medo e das possíveis situações desastrosas que poderiam ocorrer com Zahra (Mohammed), ela passou seis anos enfrentando essa difícil situação. Após esse longo período, o regime Talibã foi abolido e a garota pode então abandonar o “personagem” e voltar a estudar como menina.

Ao revelar sua verdadeira face, Zahra sofreu bullying, mas não se importou, pois conseguiu o que tanto queria, aprendeu a ler, escrever e manteve o tempo correto de sua educação escolar. A garota sentia-se orgulhosa do seu feito.

Zahra tinha 11 anos de idade quando o regime Talibã foi abolido. Atualmente ela é formada em direito e ajuda sua família, trabalhando como jornalista e “bancando” os estudos de suas irmãs mais novas.

Mesmo após ter conseguido voltar à sua rotina de mulher, Zahra relata que o “espírito” de Mohammed ainda persiste nela. A experiência que teve como garoto foi extremamente importante para sua vida atual, ela aprendeu a se socializar com homens e com uma parte da sociedade que provavelmente não teria contato. Zahra afirma ainda que sente falta do seu tempo de “garoto”, pois como garota os seus direitos foram extremamente limitados.

Conheça mais sobre o país de Zahra, no vídeo a seguir:

Presidente do Mali se candidata à reeleição

O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, será candidato a um segundo mandato nas eleições de 29 de julho, concorrendo com pelo menos 15 adversários, informou nesta segunda-feira (28) a presidência do país.

“De sua residência de Sebenikoro (nos arredores de Bamako), o presidente Ibrahim Boubacar Keita fez sua declaração de candidatura à eleição presidencial de 29 de julho de 2018”, anunciou a presidência no Twitter.

Uma foto em que se vê o presidente de 73 anos, atrás de um atril com a inscrição “Declaração de candidatura – Ibrahim Boubacar Keita – Bamako segunda-feira, 28 de maio de 2018”, acompanha o tuíte.

Há mais de dois meses, coalizões de dezenas de associações e de partidos da maioria proclamaram seu apoio à candidatura de Keita, mas ele ainda não havia se pronunciado oficialmente.

Em março-abril de 2012, o norte do Mali caiu nas mãos de grupos extremistas vinculados com a Al-Qaeda. Esses grupos foram expulsos e dispersados após uma operação militar lançada em janeiro de 2013 por iniciativa da França, que ainda está em vigor.

Ainda há zonas do país que escapam ao controle das forças de segurança do governo, da França e da ONU (Minusma), e que costumam ser alvo de ataques.

CAMPONESES DA MATALA SEM APOIO TÉCNICO-MATERIAL

Os camponeses pedem maior intervenção do Executivo no apoio técnico e material para o êxito das actividades agrícolas. Solicitam também a dissolução da Sociedade de Desenvolvimento do Perímetro Irrigado da Matala, na província da Huíla

fonte: O País, POR: João Katombela, na Huíla

A cooperativa de camponeses que explora o perímetro irrigado da Matala, na província da Huíla, clama pelo apoio do Governo, para alavancar a actividade agrária e aumentar os níveis de produção. Segundo o Presidente da Associação de Agricultores do Perímetro irrigado do Município da Matala, o perímetro irrigado reúne condições para reduzir a importação de produtos do campo, como a cebola, a bata-rena e o alho. Victor Fernandes explicou que para que tal intenção seja efectivada, é necessário que o Governo preste o devido apoio aos homens do campo, com a criação de políticas direccionadas ao sector, como é o caso da retoma efectiva do Crédito de Campanha Agrícola.

“Nós temos condições para produzir tudo o que o país precisa em termos de produtos do campo, é só o Governo dizer-nos quantas toneladas de bata-rena, de cebola, alho ou milho são necessárias para assegurar a cadeia alimentar do país, nós produzimos. Mas, para o efeito, ele tem de apoiar a nossa actividade com a concessão de créditos para o sector agrícola”, disse. Com 600 agricultores controlados, organizados em sete cooperativas, os homens do campo enfrentam vários problemas no desenvolvimento da sua actividade, constrangimentos esses que vão desde à falta de material agrícola à falta de insumos. Segundo o Presidente da Cooperativa, à falta de material agrícola associa-se ainda o elevado preço do material gastável para a sua actividade ao longo do perímetro.

“Temos vindo a defender a subvenção de combustíveis para a nossa actividade e, por outro lado, quando estamos no processo de preparação das terras e na fase da sementeira, temos tido dificuldades na aquisição de sementes e de fertilizantes, gostaríamos que o Governo interviesses nesse sentido”, defendeu. Por seu turno, Daniel Chiwale, camponês associado, detentor de dez hectares, defende a necessidade de apoio do Executivo para aquisição de transporte do escoamento da produção. “Queremos apoio do Governo, pelo menos para a aquisição de meios de transporte que possam servir para o escoamento dos nossos produtos”, adiantou. José Manuel Caldeiras, proprietário de 20 hectares no perímetro irrigado da Matala, que advoga a necessidade de se criar um banco de sementes, que possa evitar a deslocação à Namíbia e África do Sul.

“Não podemos sempre estar a deslocar-nos para a vizinha República da Namíbia ou da África do Sul, é preciso que o Governo crie no nosso município um banco de semente, nós também podemos exportar”, assegurou. A falta de câmaras de frio para a conservação de sementes é apontada pelos camponeses associados, como sendo uma das dificuldades, com principal realce para os citrinos e cereais. Assim, a produção de sementes ao nível local pode reduzir a importação do produto. Para a solução destes e outros problemas, a cooperativa de camponeses do Perímetro Irrigado da Matala está a ensaiar um programa de produção de sementes ao nível local, com vista a deduzir a sua importação. A título de experiência, Victor Fernandes revelou que já existe um protocolo de cooperação entre a organização que dirige e a empresa FERTISEM, no sentido de trabalhar na melhoria das sementes de milho. “Nós estamos a fazer contactos com a FERTISEM para que, a partir do próximo ano, possamos ter sementes de produção nacional de milho, no sentido de que muitas regiões do país deixem de ter problemas neste sentido. Demos 15 toneladas de milho a essa empresa”, explicou.

  • Defendida dissolução da SODMAT
Por outro lado, os camponeses defendem a dissolução da Sociedade de Desenvolvimento da Matala, empresa vocacionada para a gestão do perímetro irrigado do município. No entender do Presidente da Cooperativa dos Camponeses da Matala, esta empresa pública não tem sabido desenvolver de forma satisfatória as suas tarefas. Victor Fernandes disse que a empresa há muito que deixou de desempenhar a sua função de gestora do Perímetro Irrigado da Matala, pelo que defende a sua dissolução. “É sabido que a SODMAT, neste momento, está inoperante, não tem recursos, o Estado já não aloca valores e agora só estão a criar dívidas com os trabalhadores. No nosso ver, e como acontece em vários países, os perímetros são da tutela dos agricultores, são criadas as cooperativas e são elas que gerem um perímetro como este, nós não vemos motivos de termos a SODMAT. Estamos preparados para gerir isso”, assegurou.