Tag Archives: brazil

Brasil: Mãe fantasia o filho como escravo e é acusada de racismo nas redes sociais

Criança fantasiada de escravo pela mãe em Natal (Crédito: Reprodução/Instagram)

Uma mãe fantasiou o filho de 9 anos como escravo para uma festa de Halloween em uma escola em Natal. Ela publicou as imagens do menino nas redes sociais durante a segunda-feira (29), causando muita repercussão, principalmente com comentários criticando a escolha. As imagens, foram, na sequência, apagadas do perfil. As informações são do site G1.

Nas imagens, a criança é retratada como um escravo, com o corpo pintado e maquiagem que imita marcas de chicoctadas, além de correntes. A mãe ainda colocou que “vamos abrasileirar esse negócio” na legenda da foto no Instagram.

Inicialmente, várias pessoas elogiaram a “criatividade” da mulher nos comentários da rede social, mas as imagens começaram a circular pela internet e outras pessoas começaram a criticar, acusando a mãe da criança de racismo. Apesar de tudo ter sido apagado, prints da publicação continuam pelas redes sociais.

Em sua conta no Twitter, a mãe do menino se manifestou. “Não leiam livros de história do Brasil. Eles dizem que existiu escravidão de negros no país, mas isso é mentira. Não discuta com essa afirmação, pois você estará sendo racista, a pior pessoa, um lixo. Só não entendi se o problema foi a fantasia ou o ’17’ na foto”.

Logo depois, ela voltou a escrever nas redes sociais, mas com um pedido de desculpas. “Jamais foi minha intenção ofender alguém, estou extremamente arrependida por tudo que aconteceu e me sentindo muito mal com os xingamentos e as ameaças que estão me mandando”, afirmou. O site G1 tentou contato com ela, mas não foi atendido.

ISTOÉ

Conheça a história de Jair Bolsonaro, novo presidente eleito do Brasil

Conheça a história de Jair Bolsonaro, novo presidente eleito do Brasil

Sem tempo de TV, candidato por um partido nanico e vítima de um atentado com faca no meio da campanha eleitoral. Nenhuma dessas adversidades foi capaz de impedir que Jair Bolsonaro (PSL) se elegesse o 38º presidente da República da história do Brasil neste domingo, 28.

Em seu sétimo mandato consecutivo, o deputado federal bateu Fernando Haddad por uma margem de 55,7% dos votos com 92% das urnas apuradas. A vitória quebra a hegemonia de vitórias do PT e PSDB nas urnas, partidos que desde 1994 dominavam as eleições para o Palácio do Planalto.

Com 13 candidatos, a campanha deste ano começou com uma pulverização dos votos, mas as pesquisas mantinham Bolsonaro à frente nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Lava Jato em Curitiba.

Após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que negou o registro da candidatura do líder petista, Bolsonaro assumiu a primeira posição corrida presidencial. Os escassos oito segundos de tempo de televisão não foram um problema para o deputado. Nem mesmo os ataques constantes de Geraldo Alckmin (PSDB) por meio de seus mais de cinco minutos de propagandas na TV conseguiram atingir a estratégia bem planejada do capitão reformado na internet. Bolsonaro liderou as intenções de voto de ponta a ponta.

Sua campanha presidencial – que contou com um tempo mais curto de propaganda eleitoral em 2018 – se transformou completamente após o atentado sofrido em Juiz de Fora, no dia 6 de setembro. Ferido por uma facada de Adélio Bispo de Oliveira, Bolsonaro passou por duas cirurgias e ficou três semanas internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Na Unidade de Tratamento Intensivo, no entanto, continuou usando sua principal arma de campanha: as redes sociais. Sem poder promover atos de campanha na rua, gravou vídeos, postou fotos e não interrompeu a bem sucedida estratégia online de campanha.

Deixar de comparecer aos debates na televisão também não gerou efeitos negativos. Ao contrário, o presidente eleito evitou desgastes das discussões com adversários e assistiu seu índice de intenções de votos subir a cada pesquisa eleitoral. Com 46,03% dos votos válidos, quase venceu a eleição no primeiro turno.

Biografia e trajetória no Exército

Nascido na cidade de Glicério, município do interior de São Paulo com 4,8 mil habitantes, Bolsonaro tem seis irmãos e é filho de Olinda Bonturi e Percy Geraldo Bolsonaro. O nome de batismo Jair é uma homenagem ao jogador Jair da Rosa Pinto, meia que atuou pelo Palmeiras e pela seleção brasileira nos anos 50.

O presidente eleito entrou na carreira militar ao passar no concurso da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), no ano de 1974, com 19 anos. Depois da formação como oficial, Bolsonaro fez o curso de paraquedismo militar e deixou a Academia.

De lá, foi para o Rio de Janeiro, onde fez o curso de formação em educação física do Exército e participou do 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, entre 1983 e 1986.

Foi nesta época que o futuro político de Bolsonaro começou a se desenhar. Em 86, o então capitão protestou contra o valor dos salários dos cadetes da Aman em um artigo na revista Veja. A publicação do artigo levou o militar à prisão por 15 dias, porque teria infringido o regulamento disciplinar.

Com o protesto, Bolsonaro ganhou simpatia das esposas dos oficiais e do baixo clero do Exército. Já em 87, o capitão se viu encurralado depois que a mesma revista Veja divulgou um suposto plano em que o militar e um colega planejavam explodir bombas em unidades militares.

Bolsonaro e Fábio Passos faziam parte da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e tinham divergências com o comando do Exército. Quando a revista publicou a matéria, com o título de “Pôr bomba nos quartéis, um plano na ESAO”, no dia 25 de outubro de 1987, os militares foram convocados a dar explicações, mas negaram participar do plano, assim como o contato com a revista.

Na edição seguinte, a revista publicou uma reportagem que mostrava um suposto desenho de onde as bombas seriam detonadas. Os croquis teriam sido desenhados por Bolsonaro. Depois dessa matéria, foi aberta uma sindicância na Escola, que se desenrolou em um Conselho de Justificação e em julgamento no Superior Tribunal Militar.

Depois de meses de investigação, Bolsonaro saiu inocentado. Não estava claro, mesmo depois de quatro exames grafotécnicos, que os desenhos eram do punho do militar. Dois exames indicaram que era impossível determinar a autoria e outros dois confirmaram como do punho de Bolsonaro.

Já era junho de 88 quando o militar foi considerado inocente, por 8 ministros que acompanharam o relator, dentro de um colegiado de 13. Seis meses depois, o capitão vai para a reserva e se elege como vereador da cidade do Rio de Janeiro, pelo Partido Democrata Cristão (PDC), com 11.062 votos. Na época, o político buscava representar as causas das famílias de militares.

Atividade parlamentar em Brasília

Depois de Fernando Collor ser eleito na eleição de 1989, a primeira presidencial com voto direto depois da ditadura militar, os eleitores voltaram às urnas em 1990 para escolher os parlamentares e governadores. Entre os 514 deputados, Jair Bolsonaro foi eleito – ainda pelo PDC – com 67.041 votos, pelo Rio de Janeiro.

Durante o processo de impeachment de Fernando Collor, Bolsonaro votou contra o presidente, assim como 441 deputados. Em 1993, trocou pela primeira vez de partido, uma prática que se tornaria comum em sua carreira política. O capitão reformado foi para o Partido Progressista Reformador (PPR), que era uma fusão do PDC e do Partido Democrático Social (PDS).

Nas eleições de 2018, Bolsonaro foi o candidato que mais trocou de partido: atualmente, está na nona sigla diferente (PDC, 1989-1993; PP, 1993; PPR, 1993-1995; PPB, 1995-2003; PTB, 2003-2005; PFL, 2005; PP, 2005-2016; PSC, 2016-2018; PSL, 2018-). Impulsionado pela popularidade do presidente eleito, o atual partido saiu de 8 para 52 deputados federais e deverá ser uma das principais forças do Congresso Nacional na próxima legislatura.

Polêmicas

As primeiras polêmicas do candidato começaram ainda no seu primeiro mandato. Em discurso no dia 24 de junho de 1993, o político defendeu a volta de um regime de exceção com tempo determinado e o fechamento do poder legislativo.

Na época, o discurso rendeu diversas críticas de outros parlamentares e do então presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL), que pediu a abertura de um processo contra o deputado.

Apesar das críticas, Bolsonaro também recebeu apoios, que se transformam em votos nas eleições do ano seguinte.

Em 1994, os votos recebidos pelo ex-capitão aumentaram. Bolsonaro foi reeleito para a Câmara com 111.927. No primeiro ano da nova legislatura, trocou de partido mais uma vez: foi para o PPB.

Em 1998, Bolsonaro defendeu que os sequestradores do empresário Abílio Diniz, presos e condenados no Brasil, deveriam ser torturados antes de sofrer pena de morte.

Apesar das reações do presidente da República, da Câmara, e de outros parlamentares, Bolsonaro não respondeu a processo por quebra de decoro.

No mês seguinte, o político deu mais uma declaração polêmica sobre o ex-padre José Antônio Monteiro, que havia sido internado com pressão alta em Brasília. José Antônio Monteiro foi torturado por lutar contra a ditadura pelo PCdoB.

Apesar de ter sido eleito com conselhos do economista liberal Paulo Guedes e reproduzir discursos a favor de controle nas contas públicas e de mudanças nas regras da aposentadoria – medida destacada como prioritária pelo seu candidato a vice, general Hamilton Mourão (PRTB), neste domingo – Bolsonaro votou contra as propostas de reforma da previdência de Fernando Henrique Cardoso e Lula na Câmara dos Deputados.

Na última legislatura, Bolsonaro foi membro titular das comissões de Direitos Humanos e Minorias, de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, e de Educação.

Em 2014, no seu mandato anterior, Bolsonaro também foi titular da comissão responsável pelo projeto de lei conhecido como estatuto da família, que definia como união familiar apenas o casamento entre homem e mulher. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Ascensão política entre 2014 e as eleições 2018

O julgamento do mensalão, a operação Lava-Jato e a condução econômica do governo Dilma Rousseff desgastaram a imagem do Partido dos Trabalhadores. Em 2014, o PT ganhou as eleições presidenciais com a menor vantagem desde 2002: foram apenas 3,4 milhões de votos de diferença, cerca de 3%.

Naquela eleição, Bolsonaro recebeu 464.572 votos, conquistando seu sétimo mandato como deputado federal, pelo Estado do Rio de Janeiro.

Com o esfarelamento do governo de Dilma Rousseff pós-eleições 2014 e a abertura do processo do impeachment, em 2016, Bolsonaro ganhou mais projeção. Na votação para autorizar ou não a abertura do processo contra a presidente, no dia 17 de abril de 2016, o presidente eleito voltou a ser o centro de uma polêmica.

Ao declarar o voto a favor do afastamento de Dilma, o então deputado homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador na ditadura reconhecido pela Justiça.

A fala gerou repercussões contrárias da Associação de Juízes pela Democracia, de partidos como Rede e Psol, e do Instituto Vladimir Herzog.

Da polêmica fala até as eleições de 2018, a popularidade de Bolsonaro só aumentou. A confirmação de que seria candidato só veio em 2016, mas em 2014 Bolsonaro já dizia que seria o “candidato da direita em 2018”.

Lula é condenado a pagar multa por tentar enganar a Justiça

Crédito: Agência Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado a pagar multa por litigância de má-fé e acusado de tentar enganar a Justiça sobre a construção de uma chácara em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, de acordo com o portal G1. A decisão foi juiz José Carlos de França Carvalho Neto, da 1ª Vara da Fazenda Pública.

A construção de uma casa de campo em um terreno próximo à Represa Billings foi embargada no ano passado pela Prefeitura de São Bernardo do Campo. A obra, segundo o juiz, foi parada por “construção sem autorização” e que o ex-presidente “alterou a verdade dos fatos” quando alegou abuso de autoridade por parte da prefeitura. Segundo o juiz, em apuração do G1, Lula teria concordado que não haveria movimentação de terra, mas que uma fiscalização recente mostrou que houve a movimentação, o que gerou um embargo na obra.

A sentença conclui que “em decorrência da litigância de má-fé, aplico ao impetrante a multa de 10% do valor corrigido da causa”. A assessoria do ex-presidente Lula, que atualmente está preso em Curitiba, ainda não se manifestou sobre o caso.

Brasil: Suspeito de agredir Bolsonaro é ativista comunista

A Polícia Militar de Minas Gerais identificou o autor do ataque contra Jair Bolsonaro como Adélio Bispo de Oliveira, natural da cidade mineira de Montes Claros. Em seu perfil no Facebook, o agressor postou diversas mensagens, críticas ao candidato do PSL.

Além disso, Oliveira participou de atos contra o presidente Michel Temer e pela libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, além de imagens da bandeira do Brasil com o símbolo do comunismo.

De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Adélio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Ainda segundo o tribunal, Adélio, que é natural da cidade mineira de Montes Claros, se filiou ao PSOL na cidade de Uberaba.

Brasil: Após facada, Bolsonaro passa por cirurgia em Juiz de Fora

Após ter sido esfaqueado em ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o candidato do PSL à Presidência nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, está sendo submetido a uma operação na Santa Casa da cidade.

Segundo entrevista rápida do porta-voz do hospital, Bolsonaro tem uma perfuração na altura do abdômen. O candidato passa, neste momento, por um procedimento chamado laparotomia exploratória. Há suspeita de lesão no fígado e na alça intestinal. Se esses ferimentos forem confirmados na cirurgia, são graves e podem provocar sangramento interno. A cirurgia ainda não tem horário estimado para acabar.

A Polícia Federal prendeu Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, o homem acusado de esfaquear o candidato Bolsonaro. A PF vai instaurar investigação para apurar a agressão sofrida pelo candidato.

O deputado Flavio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, disse que a pessoa que atacou seu pai agiu para matá-lo, e que a campanha “já avaliava que este tipo de violência poderia acontecer”. O candidato não usava colete à prova de balas, afirmou Flávio.

“Não sei o que se passa na cabeça de uma pessoa dessa. Foi a mão de Deus que agiu (para proteção)”, disse Flávio à Globonews, em trânsito. “Estou indo para Juiz de Fora agora. É contra isso que estamos lutando. A gente sempre soube que poderia acontecer. Os presidenciáveis têm direito a escolta da PF e veículo blindado e, na avaliação deles, o Jair precisa de uma atenção maior. Foi com uma faca, mas poderia ter sido com uma arma. A gente toma as precauções. (O ataque) fortalece ainda mais (a campanha).”

Até agora, pouco impactou o eleitorado brasileiro

        
 

Acontecimentos dos últimos dois meses surtem pouco efeito sobre intenções de voto, e Lula e Bolsonaro seguem na liderança, segundo Ibope e Datafolha. Campanha na TV será decisiva e pode redefinir a disputa.

Segundo Ibope, Bolsonaro permanece em segundo lugar – e passa para o primeiro no cenário sem Lula, seguido por Marina
Em sua primeira pesquisa após o início oficial da campanha, divulgada na segunda-feira (20/08), o Instituto Ibope apontou que a corrida presidencial pouco se alterou desde a divulgação do último levantamento, há dois meses. Uma tendência confirmada no dia seguinte pela mais nova sondagem Datafolha.
Nestes dois meses, alguns pré-candidatos desistiram; vices foram definidos; alianças, fechadas; dois debates televisivos ocorreram; e os candidatos concederam dezenas de entrevistas e também foram atingidos por várias notícias negativas. Por enquanto, nada disso parece ter impactado de maneira decisiva o cenário.
Embora a pesquisa de junho do Ibope tivesse um leque de candidatos levemente diferente (alguns saíram da corrida), ficou claro com o novo levantamento que mais da metade dos eleitores continua a ser atraída por dois nomes.
A candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue demonstrando força, mesmo que o presidente continue preso e esteja virtualmente fora do pleito por causa da Lei da Ficha Limpa. O petista alcançou 37% na pesquisa do Ibope, 39% no Datafolha.
Jair Bolsonaro, por sua vez, continua a se solidificar no segundo lugar, ainda desafiando as apostas de que sua candidatura pode minguar pela falta de estrutura e capilaridade do seu partido, o nanico PSL. Ele apareceu com 18% e 20% das intenções de voto, nos cenários com e sem Lula do Ibope, respectivamente. No Datafolha, teve resultado similar: 19% e 22%.
Outros candidatos continuam empacados e só registram crescimento significativo em cenários sem o petista na corrida, tal como pesquisas anteriores já haviam demonstrado. Já Fernando Haddad (PT), indicado como vice de Lula e cotado como seu substituto, passou para 4% das intenções no cenário sem o ex-presidente no Datafolha e no Ibope – em junho, ele tinha 2%.
Os números também demonstram que, por enquanto, as leituras de atores do meio político de que a corrida estaria caminhando para a repetição da velha polarização PSDB x PT ainda não se confirmaram.
  • O papel do rádio e da TV
Para o cientista político Antonio Lavareda, o novo levantamento demonstra que ainda é muito difícil apontar tendências decisivas no pleito, e que os números só demonstram mais uma vez o quão imprevisível continua a corrida presidencial.
Segundo ele, o cenário só deve começar a mudar a partir do dia 31 de agosto, quando começa a propaganda eleitoral no rádio e TV.
“A campanha significativa só começa com a TV. Para a maior parte do eleitorado, a principal fonte de informação continua sendo esse meio. É possível esperar que a propaganda possa redefinir a disputa”, afirma.
O cientista político Carlos Pereira, da FGV-Rio, concorda que o “quadro da eleição mudou pouco”, mesmo que a campanha tenha começado oficialmente no dia 16 de agosto.
“Os mecanismos tradicionais de recompensa em uma eleição ainda não estão sendo efetivamente usados. São o tempo de TV, as coligações, o uso da estrutura dos partidos nos estados, as conexões locais. Esses mecanismos tendem a se tornar mais fortes a partir do fim de agosto”, disse. “Essa pesquisa mostra um quadro do momento.”
“O que temos visto agora que mecanismos heterodoxos, como as redes sociais, estão sendo mais efetivos, e que meios ortodoxos, como a TV, ainda não foram empregados. Ainda é precipitado falar em tendências. É preciso lembrar o número de indecisos”, disse.
Segundo a pesquisa Ibope, 22% dos eleitores não tem candidato no cenário com Lula. O percentual sobe para 38% sem o petista na disputa, o que abre espaço para que vários candidatos ampliem seu eleitorado.
De acordo com o Datafolha, com Lula, os votos declarados como brancos e nulos somam 11%, com 3% de indecisos. Sem o ex-presidente no páreo, os índices sobem respectivamente para 22% e 6%.
  • Esperar para ver
Lavareda, por sua vez, aponta que mesmo as intenções de voto de Bolsonaro, que sugerem que o deputado se consolidou na segunda posição, não são definitivas.
“Bolsonaro tem uma fatia entusiasmada do eleitorado, mas não existe uma consolidação nessa altura da eleição. Ainda há muito por vir. Não existe eleitor ‘definitivo’ que ele não possa perder. Nem os casamentos são para a sempre”, disse, lembrando que Bolsonaro enfrenta dificuldades, sobretudo na região Nordeste, para ampliar sua fatia.
Pereira também aponta que o percentual de votos de Bolsonaro, embora notável para um candidato de um partido nanico como o PSL, só deve começar a ser testado de fato quando a campanha começar na TV.
“Bolsonaro vai ter pouco tempo de TV e não tem coligações estaduais. Quando a campanha efetivamente começar, também começa a campanha negativa dos candidatos que têm mais tempo. Nesse ponto, Bolsonaro tenderá a sofrer”, diz.
O cientista político também aponta que a posição de Marina Silva (Rede), que, no Ibope, por exemplo, aparece com 6% no cenário com Lula e salta para 12% na ausência do petista – apontando que ela é uma das principais beneficiadas pela saída do ex-presidente –, ainda não sugere uma tendência decisiva.
“É preciso esperar para ver o que vai acontecer. Dificilmente ela vai ter musculatura para sustentar esse percentual. Seu partido é muito pequeno. E a transferência de votos de Lula continua sendo uma incógnita”, concluiu.
Já o cientista político Fernando Schüler, do Insper, vê o voto de Bolsonaro consolidado na pesquisa Ibope. “Basta ver que sua intenção de voto na pesquisa espontânea se aproxima da pesquisa estimulada. Só Lula se aproxima desses números. A diferença entre outros candidatos é brutal”, diz.
Na pesquisa espontânea do Ibope, quando os entrevistadores não apresentam os candidatos, Bolsonaro aparece com 15% dos votos no cenário com Lula. Na estimulada, tem 18%. Já Lula aparece com 37% na estimulada e tem 28% na espontânea. O restante dos candidatos não passa de 2% na espontânea.
Schüler, no entanto, afirma que os números sugerem que Bolsonaro parece “muito perto do teto” de votos que pode conquistar no primeiro turno. “Ele estabilizou, mas isso é positivo para sua estratégia focada no primeiro turno. Num pleito pulverizado, esse percentual pode ser suficiente para passar para o segundo. Ele agora trabalha para segurar esse eleitorado. Mantém o discurso em vez de ampliar. Assim evita desgaste”, diz.
  • Fator Lula
Tanto para Lavareda quanto para Pereira, o principal fator que continua a embaralhar as eleições é como o eleitorado de Lula vai se comportar diante de uma rejeição da candidatura pela Justiça Eleitoral.
Por enquanto, Haddad segue apenas como um porta-voz do ex-presidente, e não como seu substituto oficial. “É preciso ver como uma candidatura de Haddad já com o apoio de Lula vai ser testada”, disse.
“Ainda não se sabe se Lula vai conseguir transferir esse votos para seu candidato ou se eles vão se fragmentar”, disse Pereira, apontando ainda que é preciso esperar que resultados a máquina de alianças de Geraldo Alckmin (PSDB), que deve contar com 44% do tempo de TV, será capaz de entregar.
Até lá, a corrida continua imprevisível.
 
Fonte: DW

Como o ódio viralizou no Brasil

 
Números sugerem que intolerância e desinformação parecem ter se naturalizado na internet brasileira. O que antes seria denunciado, hoje é curtido e compartilhado. Um sintoma não só da crise, mas de um retraso histórico.
Nos últimos 11 anos, quase 4 milhões de denúncias relacionadas a crimes de ódio na internet foram recebidas pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. Isso significa que, por dia, pelo menos 2,5 mil páginas contendo evidências de crimes como racismo, neonazismo, intolerância religiosa, homofobia, incitação de crimes contra a vida, maus tratos a animais e pedofilia foram denunciadas no Brasil.
Mas não é esse o dado que mais surpreende. Em 2016, o número de denúncias ultrapassou 115 mil, enquanto em 2017, despencou quase pela metade, para pouco mais de 60 mil. No primeiro ano da série histórica, 2006, o total de denúncias ultrapassou 350 mil, o que demonstra uma banalização do ódio nos últimos anos.
“De 2016 para 2017 houve queda no número de denúncias. Mas isso não quer dizer que o ódio na internet diminuiu. Pelo contrário, ele aumentou, mas hoje as pessoas não se indignam mais”, aponta Thiago Tavares, presidente da Safernet Brasil, primeira ONG do país a criar um canal anônimo para receber denúncias relacionadas a crimes de ódio on-line.
Para ele, o Brasil vive um momento atípico, no qual o ódio se naturalizou e é, inclusive, utilizado como plataforma política. “Hoje existe uma chapa presidencial que alimenta o ódio, o preconceito e a discriminação para captar votos e espaço na mídia”, ilustra Tavares.
Apesar da quantidade de conteúdo de ódio circulando nas redes ser crescente, há cada vez menos pessoas dispostas a denunciar. “Muito conteúdo que antes seria denunciado, hoje é curtido, compartilhado e viraliza. Muitas pessoas que antes se indignavam com conteúdos que pregam o racismo, hoje ajudam a disseminá-lo a partir da interação nas redes sociais”, complementa.
A estratégia das autoridades brasileiras para conter a disseminação do discurso de ódio nas redes é semelhante à utilizada na maioria dos países do mundo e consiste em três passos.
Primeiro precisa ser recebida a denúncia (que pode ser feita anonimamente online e é encaminhada ao Ministério Público, que decide sobre a investigação e instauração de inquérito); depois é solicitada a remoção do conteúdo (Facebook, Google ou outra plataforma são informados sobre a existência da página e a apagam); e por último ocorre a responsabilização do autor da postagem (o crime de racismo, que corresponde a 28% das denúncias, é inafiançável e imprescritível no Brasil).
O maior problema, entretanto, é que a taxa de responsabilização em geral, para crimes relacionados não só a ódio, mas também à violência, é residual. Em 2017, dos 63.880 homicídios em território nacional, apenas 7% foram esclarecidos e somente 3% resultaram em sentença condenatória.
“Há um processo de radicalização em curso, sobretudo da juventude, e há uma crescente polarização da sociedade”, comenta o presidente da Safernet.
Em janeiro deste ano, a ONG lançou um projeto voltado para jovens de 16 a 25 anos para combater a disseminação do discurso de ódio na Internet a partir de contranarrativas. “Precisamos produzir conteúdos que também viralizem, mas que promovam a igualdade e os Direitos Humanos”, diz Tavares.
A proposta, em parceria com o Google e o Unicef, já percorreu quatro das cinco regiões do país e premia com bolsas no valor de R$ 12 mil para tirar do papel projetos voltados a grupos sociais vulneráveis, como mulheres, negros e índios.
  • As redes sociais como propagadoras
As redes sociais facilitaram a replicação de informações de modo escalável. Com isso, proporcionaram uma infraestrutura para que as pessoas repliquem discursos, muitas vezes sem uma posição crítica. Até 2012, o Orkut, extinto em 2014, hospedava o maior número de páginas denunciadas por crimes cibernéticos. A partir de 2012, esse trono passou a ser ocupado pelo Facebook.
Para a pesquisadora de redes sociais Raquel Recuero, é muito mais fácil replicar um discurso em um momento de raiva, sem que se veja, diretamente, quem é o outro para quem se fala ou agride. A falta de contexto dá combustível a esse processo.
“Na vida off-line, há sempre um contexto que traz as informações necessárias para evitar conflitos e modular uma conversa. Tem coisas que a pessoa diz para os amigos da academia que não diz para os amigos do trabalho”, explica. Em espaços como o Facebook, haveria uma confusão dessas redes de contatos e dos espaços. “Isso significa que publicações são feitas com um determinado público em mente, mas são lidas por outros públicos. Isso gera problemas de contexto e comentários inadequados”.
Ferramenta recente, os bots (diminutivo da palavra “robot”, softwares que simulam ações humanas) trabalham pela disseminação de discursos de ódio, replicando as postagens e, dessa forma, ampliando seu alcance.
“A tendência é que os ânimos fiquem mais exaltados nessas eleições e que as pessoas briguem mais por causa do contexto polarizado. Apesar disso, já há certo escaldamento, pois muita gente já silenciou pessoas com as quais não concorda”, afirma a pesquisadora. “Embora a violência discursiva possa ampliar-se dentro dos grupos, não sabemos se circulará.”
  • O pelourinho moderno
Mulheres negras de classe média entre 20 e 35 anos e com ensino superior completo são os principais alvo de ataques racistas via Facebook no Brasil. Pelo menos 81% das vítimas do ódio virtual têm esse perfil, de acordo com um estudo recém-concluído pelo pesquisador brasileiro Luiz Valério Trindade, PHD em Sociologia pela Universidade de Sounthampton, na Inglaterra. “Grande parte dessas mulheres ascendeu socialmente ocupando espaços sociais que são associados a privilégios ou ambientes predominantemente brancos ou masculinos”, explica o pesquisador.
Para chegar a essa conclusão, Trindade analisou 109 páginas do Facebook e 16 mil perfis de usuários da rede social durante três anos e meio. O levantamento incluiu também 224 artigos jornalísticos que abordaram casos de racismo nas redes sociais brasileiras entre os anos de 2012 e 2016, inclusive o da jornalista da Rede Globo Maria Júlia Coutinho, que foi vítima de ataques raciais nas redes sociais em julho de 2015, e das atrizes Sheron Menezes e Taís Araújo.
A maior parte das vítimas não se sente confortável em denunciar os ataques. “Diante de uma situação de ofensa racial, a classe social exerce um papel fundamental na hora de denunciar”, aponta. Nos ataques dirigidos a celebridades, segundo Trindade, o tempo de identificação dos agressores pela polícia e posterior denúncia pelo Ministério Público não ultrapassa mais que 6 meses. “Em casos no qual a vítima é uma pessoa humilde e de classe social mais baixa, ela acaba desencorajada na delegacia a prestar queixa”.
Além de identificar o alvo principal do discurso de ódio, a pesquisa também constatou que 65,6% dos usuários que disseminam intolerância racial no Facebook são homens na faixa dos 20 e poucos anos.
“A crença de que o que as pessoas fazem online não tem impacto off-line é tão forte que muitos desses ofensores imaginam estarem protegidos pela tela dos computadores. A partir do momento em que os ataques virtuais entram no radar de um meio de comunicação, os ofensores tomam uma atitude para se desvencilhar da ofensa”, afirma Trindade.
Entre as possíveis ações para “limpar a barra” está a exclusão da postagem, da conta na rede social, a alteração do status do perfil de público para privado ou a alegação de que a ofensa se tratou apenas de uma brincadeira. “Isso sinaliza que aquela pessoa tinha consciência de que o que ela estava fazendo não era apropriado”, conclui o pesquisador.

  • Em vez de educação, smartphone
Sem tradição de debate na esfera pública, boa parte da população brasileira só começou a participar do debate público de ideias quando teve acesso à internet. O maior problema, talvez, seja que essa inserção não se deu através de um processo educacional, mas pela compra de smartphones.
“Sem experiência de debate, a população começou a acessar a internet sem se preocupar com os limites da sua atuação”, opina o jornalista e doutor em Ciências Políticas e professor da PUC-SP Leonardo Sakamoto.
Ele também é autor do livro O que aprendi sendo xingado na internet, que explica, por exemplo, como funciona o padrão de distribuição de informação on-line e alguns dos processos que facilitam o divisionismo de opinião. Desde 2015, ele afirma ter sofrido milhares de ataques virtuais e também no mundo real.
Os episódios estão ligados com sua atuação na rede – Sakamoto também é blogueiro e diretor da ONG Repórter Brasil, especializada em comunicação e projetos sociais. “Começaram a divulgar que eu recebia dinheiro para defender o governo e que a organização da qual participo há 17 anos não exista. Esse tipo de informação falsa se dissemina e, um dia, você acaba sendo cuspido na rua, derrubado ou perseguido em supermercados”, lamenta. “As pessoas sempre deixam claro o porquê de estarem fazendo isso.”
A experiência de Sakamoto revela a estreita ligação entre notícias falsas e a disseminação do discurso de ódio. “O debate anônimo, sem fontes, desqualificado e que visa a desinformação na internet é um grande formador de opinião no Brasil. As pessoas não se preocupam com a qualidade daquilo que consomem e do que repassam desde que o conteúdo vá ao encontro daquilo que elas acreditam”, analisa. Ele compara o conteúdo online a um pedaço de carne. “No mercado, você olha o que está comprando, pergunta a procedência, sente o cheiro e toca. Na internet, o conteúdo é consumido olhando apenas a embalagem.”
Para ele, o fenômeno dos “fake news” é apenas a ponta do iceberg de um sistema de desinformação. “As pessoas acham que notícia falsa é qualquer mentira. E daí aparece gente como Donald Trump utilizando esse conceito para menosprezar ou reduzir a importância dos veículos de comunicação e da mídia como um todo”, aponta.
No conceito acadêmico, “fake news” são publicações que viralizam em rede social a partir de informações comprovadamente falsas com formato que simula o estilo jornalístico com o objetivo de enganar o publico ocultando a sua autoria. “Mas as pessoas não sabem a diferença entre notícia e opinião. O problema é anterior às ‘fake News’, pois as pessoas não sabem o que é ‘news’ e isso atrapalha porque o público acha que algo é mentiroso porque não concorda com uma opinião.”
Criar uma legislação para combater a propagação desse tipo de conteúdo, entretanto, não parece ser a solução. “O governo brasileiro não pode criar uma lei dizendo o que é noticia falsa. Se o fizer, é como se definisse o que é verdade e o que é mentira. Isso é o começo do fim de qualquer democracia”, observa. “Grandes empresas como Facebook e Google também não podem definir o que é verdade e o que é mentira”, pondera Sakamoto.
Ele defende que a qualificação do debate público é a saída mais sustentável. “Em países como a Alemanha, as pessoas estão mais preparadas para o debate público, e o medo de consumir notícias falsas é menor. No Brasil isso não acontece. Se a gente tivesse um debate público mais qualificado, nós evitaríamos a propagação de ódio, intolerância e a desinformação”, opina.
 
DW PT

Brasil registra novo recorde de homicídios, com quase 64.000 em 2017


AFP/Arquivos / ANTONIO SCORZA

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve um crescimento no número de homicídios no Brasil em 2017, dos quais 4.539 foram de mulheres
O Brasil bateu em 2017 um novo recorde de homicídios, com mais de sete assassinatos por hora e um total de 63.880 casos, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado nesta quinta-feira.

Segundo o prestigioso anuário da organização Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os homicídios aumentaram 2,9% em relação aos registrados em 2016, quando a tendência crescente já havia marcado uma cifra sem precedentes.

A insegurança aparece como um dos temas centrais nas campanhas dos candidatos a presidente, governadores e legisladores para as eleições de outubro.

Embora quase todas as vítimas sejam homens, o relatório revela um aumento de 6% nos assassinatos de mulheres em 2017 em relação ao ano anterior.

Do total de 4.539 mulheres assassinadas no ano passado, 1.133 foram vítimas de feminicídio, ou seja, assassinadas por serem mulheres.

Também aumentaram mais de 8% os casos notificados de estupros: foram 60.018 em 2017.

Em todo o Brasil foram notificados mais de 600 casos de violência doméstica por dia.

A média nacional de homicídios é de 30,8 para cada 100.000 habitantes. No Rio Grande do Norte, é mais que o dobro: 68/100.000, enquanto no estado de São Paulo, o mais populoso do país, é de 10,7/100.000 habitantes.

Outros dados do relatório dão conta de 5.144 assassinatos por policiais (um aumento de 20% em relação a 2016), e um total de 367 agentes assassinados, 5% menos que no ano anterior.

O anuário sobre a violência no Brasil também reserva uma seção para os problemas do sistema prisional, que mantém um total de 729.463 pessoas atrás das grades, embora tenha capacidade para alojar adequadamente apenas 367.217 prisioneiros.

Confissão de Neymar em peça publicitária divide opiniões

Menos de um mês depois da eliminação do Brasil na Copa do Mundo, Neymar voltou a testar sua popularidade. E não foi boa, de acordo com críticas nas redes sociais. A veiculação na TV de comercial em que admite exageros no torneio, desabafa sobre as críticas e promete superação mostrou novamente um lado desastroso. Se a peça publicitária pôs em evidência a marca Neymar, por outro lado colocou em dúvida o êxito da campanha para sua imagem.

Para o publicitário Washington Olivetto, a ideia não foi boa para Neymar. “O que faz melhor para ele é exercer o grande talento que ele tem: jogar bola e se retirar um pouco da mídia”, disse ao Estado. A aparição do atacante em comerciais em momento de crise não é inédita.

Segundo Olivetto, a campanha do domingo voltou a abordar tema que já esfriava: as simulações. “O mesmo poder que a comunicação tem de construir, tem para realimentar o problema. Uma peça às vezes mais relembra o problema do que ajuda a esquecê-lo”, avaliou.

 

Neymar deixou a Rússia com a fama de simulador de faltas e vítima de deboches. Suas quedas em campo tornaram memes pelo mundo. O pai do jogador e demais funcionários de sua empresa estabeleceram um plano de ações para recuperar a reputação arranhada do atleta.

Segundo levantamento global da empresa Kantar Sports, representada pelo Ibope, Neymar foi assunto em mais de 25 milhões de publicações nas mídias sociais nas últimas semanas. Durante a Copa, mais de 60% do conteúdo era negativo, em especial com piadas e memes.

O contexto combinou com a ideia da Gillette de realizar a campanha. Para a produção do comercial, os publicitários redigiram um texto e foram até Santos para o jogador gravar a narração. A empresa, a agência de publicidade responsável pela ação e o estafe de Neymar explicaram em nota que a ideia do comercial foi construída em conjunto. “Assim como muitos outros, Neymar encara desafios, lesões e derrotas, e o objetivo do fabricante de barbeador é encorajar os homens, sem distinção, a refletirem sobre a oportunidade de se tornar um novo homem todo dia”, informou em comunicado.

Em 2010, pouco depois de brigar com o técnico Dorival Junior, ainda no Santos, ele gravou com a Nextel. Já em 2014, após deixar a Copa do Mundo machucado, estrelou campanha da Claro.

Para o professor de marketing esportivo da ESPM, Ivan Martinho, a peça publicitária teve efeito positivo. “Neymar mostrou ter uma grande força midiática. Mesmo depois da Copa e de ele não ter sido o protagonista, continuou no alto”, disse. A mesma avaliação vale para a marca. “A empresa conseguiu o alcance buscado. Conectar o Neymar à sua imagem. Desse ponto, a peça foi brilhante”.

Os patrocinadores representam uma fatia importante para o faturamento de Neymar. Cerca de 60% dos ganhos dele vêm dos contratos publicitários.

Fonte: Istoé

Libertação de Lula da Silva suspensa em braço-de-ferro entre juízes

Pedido de habeas corpus para a libertação do antigo Presidente brasileiro foi aceite por juiz desembargador do tribunal de Porto Alegre. Depois foi suspensa pelo relator da Lava-Jato do mesmo tribunal, até uma nova ordem reforçar a primeira decisão e ordenar a saída de Lula no prazo de uma hora.

Numa rápida e turbulenta sucessão de ordens judiciais, que apanharam de surpresa os meios políticos, jurídicos e jornalísticos brasileiros, o antigo Presidente Luíz Inácio Lula da Silva viu deferido um pedido de habeas corpuspara a sua libertação imediata da prisão — uma decisão que primeiro não foi executada, mais tarde foi reiterada, depois acabou por ser suspensa, e finalmente voltou a ser confirmada, juntamente com um prazo de uma hora para a saída do líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT) da cadeia. Aguardam-se agora as cenas do próximo capítulo.
Resultado de imagem para lula

Ao início do dia, o tribunal regional federal de Porto Alegre aceitou um pedido de habeas corpus para a libertação de Lula da Silva, que está a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O habeas corpus fora apresentado na sexta-feira pelos deputados do PT Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, com o argumento de que não existe fundamento jurídico para a prisão de Lula: surpreendentemente, o juiz desembargador Rogério Favreto, de “plantão” no fim-de-semana, deferiu o pedido no domingo.

Entretanto, já escreveu outros dois despachos no mesmo sentido, reforçando a sua posição perante a acção dos juízes Sergio Moro e João Gebran Neto, ambos com responsabilidades na investigação anti-corrupção conhecida como Lava Jato, e que tentaram impedir a execução, e mais tarde suspender, a ordem de libertação imediata de Lula. “Não estamos em regime político e nem judicial de excepção”, censurou Rogério Favreto, que acompanhou o seu terceiro despacho com um prazo de uma hora para que a polícia soltasse Lula da Silva. “Eventuais descumprimentos importarão em desobediência de ordem judicial, nos termos legais”, acrescentou.
A saga jurídica começou momentos depois de conhecida a primeira decisão de Favreto. O juiz Sergio Moro recusou o cumprimento da ordem do desembargador, que considerou “autoridade absolutamente incompetente” para deliberar sobre a libertação de Lula da Silva sem o acordo do relator do caso no tribunal regional federal, João Gebran Neto, ou ainda da pronúncia do plenário do Supremo Tribunal Federal.
“Se o julgador ou a autoridade policial cumprir a decisão da autoridade absolutamente incompetente, estará, concomitantemente, descumprindo a ordem e prisão exarada pelo colégio da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região”, considerou o juiz de Porto Alegre, num despacho publicado este domingo, após a decisão de Rogério Favreto.
O jornal Folha de São Paulo recordava que Favreto defendeu a abertura de um processo disciplinar contra o juiz Sérgio Moro, por suposta parcialidade política. O juiz desembargador foi filiado no PT entre 1991 e 2010, e ocupou os cargos de assessor da Casa Civil do Presidente e do ministro da Justiça, Tarso Genro, durante o Governo de Lula da Silva. 
O desembargador emitiu então um segundo despacho reiterando a ordem exarada no alvará para a libertação de Lula da Silva, e determinando o seu cumprimento “imediato” pela polícia federal, “sob pena de responsabilização por descumprimento de ordem judicial, nos termos da legislação incidente”.
Mas logo entrou em acção o juiz relator do caso, João Gebran Neto, instado por Sergio Moro. O magistrado decidiu suspender a ordem subscrita pelo desembargador Rogério Favreto que determinava a libertação do antigo Presidente, ainda no domingo. “Para evitar maior tumulto para a tramitação deste habeas corpus, e até porque a decisão proferida em carácter de plantão poderia ser revista por mim, juiz natural para este processo, em qualquer momento, determino que a autoridade coactora e a Polícia Federal do Paraná se abstenham de praticar qualquer ato que modifique a decisão colegiada da 8ª Turma do tribunal”, escreveu Gebran, referindo-se à sentença de Lula.
No despacho da decisão, Fraveto deu razão aos deputados, afirmando que os recursos apresentados pela defesa de Lula foram indeferidos “sem a adequada fundamentação ou sequer análise dos pedidos”.Lula da Silva foi condenado no âmbito da Operação Lava-Jato, tendo começado em Abril a cumprir a pena depois de a sentença inicial ter sido confirmada em segunda instância, após um primeiro recurso. O Supremo acabou por aceitar a prisão do antigo Presidente antes que fossem esgotadas todas as possibilidades de recurso nas instâncias superiores.
Além disso, o juiz diz que, desta vez, foram apresentados dados novos, nomeadamente o facto de Lula ser pré-candidato às eleições presidenciais brasileiras: “Tenho que o processo democrático das eleições deve oportunizar [sic] condições de igualdade de participação em todas as suas fases, com o objectivo de prestigiar a expressão de ideias e projectos a serem debatidos com a sociedade”, cita a Folha.
Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, a autorizar ou indeferir a candidatura de Lula da Silva é esperada no próximo mês. Juristas ouvidos pelo jornal Estado de São Paulo consideram que a situação de inelegibilidade do antigo Presidente, ao abrigo da lei da Ficha Limpa, se mantém inalterada mesmo que Lula saia da prisão: como apontaram, a decisão judicial deste domingo diz apenas respeito ao cumprimento da pena e não à sentença de condenação por corrupção.
Favreto utiliza ainda este argumento para justificar que a sua decisão não choca com a do Supremo, que negou o pedido da defesa para evitar a prisão depois de esgotados os recursos em segunda instância, pois, na altura, não foram analisados estes novos elementos.
O juiz afirma ainda que Lula foi alvo de “constantes violações de direitos constitucionais” ao serem-lhe recusados “diversos pedidos de visitas familiares, profissionais, institucionais e até espirituais”.